para rodrigo

a gente se conheceu lá atrás, em 1987. tínhamos ido pedir estágio na Denison. lembro como se fosse hoje, você com uma calça de tergal e camiseta branca, as pernas compridas e a voz fina. eu estava com uma saia comprida que minha mãe havia costurado especialmente para a ocasião (para dar sorte, disse ela), hoje pensando bem... acho que eu parecia com uma hippie dez anos atrasada. enfim, mas nós conseguimos o estágio, depois o emprego e ali ficamos frente a frente por longos anos. (não lembro quantos). criamos boas e péssimas campanhas. brigamos, fizemos as pazes, fizemos política, vimos gente ser mandada embora, gente entrar, dormimos de ressaca no RTV na hora do almoço, fizemos incontáveis baladas às sextas depois do expediente. tivemos nossas histórias de amor sempre complexas que compartilhávamos, chorando e rindo, sempre com o apoio do outro. você namorou, levou um fora tremendo que te deixou com uma dor de cotovelo imensa, escreveu uma longa carta de despedida para sua namorada. lembro até hoje, era numa daquelas folhas de papel contínuo, uma carta se despedindo do amor. trágica, dramática, como eram os sentimentos dos vinte e poucos anos. eu também vivia na fossa, curtia mesmo um amor desses impossíveis, difíceis, irrealizáveis. tomamos incontáveis porres juntos, conhecemos a liberdade com o Premê, íamos no Longchamp na Augusta, para comer lasagna à bolognesa e ficar assistindo o Amir Klink debruçado, quieto, olhando para a madeira do balcão. uma vez tentamos pedir emprego juntos na agência que o Nizan ia abrir - dm9! ele elogiou tanto nosso trabalho, mas nunca nos chamou para conversar.  eu lembro que fiquei tão decepcionada. enfim, tantas águas rolaram. um belo dia, você recebeu uma proposta e saiu da Denison, casou, separou. eu fiquei mais um tempo lá, depois saí e peguei meu rumo, ou desviei um bocado, sei lá. só sei que virava e mexia nos encontrávamos, até que trabalhamos juntos de novo, você casou com a Lúcia, eu com o Sérgio e começou uma nova fase nas nossas vidas. voltamos a nos ver. você é meu melhor amigo homem, dentre todos eles, você é o maior, o melhor. aquele que compartilhou tantos sonhos, choros, risadas, reclamações e malcriações. e também tantos pratos de comida, tantos goles de bebidas ruins e boas, tantos sonhos e ressacas. aquele que me conhece com um simples olhar. acho que por isso que somos grandes amigos. porque nos conhecemos, porque nos escolhemos e nos acolhemos. eu te amo, meu amigo. e te desejo um super aniversário.

clarice

"Menino
- Mamãe eu vi um filhote de furacão, mas tão filhotinho ainda, tão pequeno ainda, que só fazia mesmo era rodar bem de leve umas três folhinhas na esquina."

trabalhar em casa uma tarde da semana não tem preço

hoje à tarde voltei de uma reunião e vim trabalhar em casa. tão gostoso. almocei, lavei a louça, arrumei a cama, passeei com os cachorros, tomei banho, passei creme e.... bem... ainda não trabalhei. mas vou começar agora! feliz da vida.

minha amiga roberta dançando ao som do flamengo






cama

o tempo está tão esquisito, tão seco e poluído que minha garganta não aguentou e pifou. nesses dois dias fiquei aqui em casa, querendo só dormir. hoje, domingão, acordei, fui no supermercado, pois estava naquele momento periclitante de apenas algumas folhas de alfaces murchas na geladeira... pois bem,
lá fomos nós gastar quase 700 reais no Mambo. depois fomos na Cobasi comprar ração para os dogs (mais 300 reais) e por fim, casa. almocei e capotei. dormi a tarde inteirinha, das 2h às 6h, sem culpa, sem acordar. aquele sono intenso que te joga na cama. um sono amante.  agora me sinto mais disposta, mas daqui a pouco tenho certeza que vou deitar na minha caminha e ela irá me aconchegar imensamente com seus braços de molas.

manoel de barros

A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos.

sentimentos esquisitos

dias estranhos dentro de mim. envelhecer é dolorido, como um machucado de criança. faz casquinha, a gente coça, volta a sangrar, quando está quase sarando, coça de novo, sangra de novo. estou com essa ferida aqui dentro.

poesia na filosofia

"algumas viagens ao exterior foram para mim a ocasião de provar geografias, engolir terras e céus, apreciar aromas e sabores ligados às regiões e costumes. ver um país não basta, é necessário também ouvi-lo e prová-lo, deixar-se penetrar por todos os poros. o corpo é o único caminho de acesso ao conhecimento. só a geografia gulosa é sem tédio" michel onfray em "o ventre dos filósofos"

num indo e vindo infinito

sábado fizemos um jantar para amigos novos e amigos antigos. pessoas que vão e vêm nas nossas vidas. deu tudo certo, os casais se entenderam. eu fiquei tão feliz, tão preenchida pela energia boa que circulava no ar. fiz de entrada uma sopinha de mandioquinha com camarões, depois um palmito pupunha assado no forno e um risoto de cogumelos. sobremesa, a Nelcy trouxe sorvete de creme com doce de leite. huuuuum. para acompanhar vinhos, muito vinhos. essa foi a minha receita de felicidade.

não seja recíproca, seja verdadeira

li isso no Facebook, não sei de quem é, mas adorei. E acho que devemos cultivar essa prática. Porque a verdade é a melhor recíproca.

guilherme arantes

ontem terminamos a noite no bar brahma. estava lotado, só conseguimos uma mesa no terraço e ventava um vento frio de cruzar os braços. rimos muito, de repente a mesa se fez com pessoas que não se conheciam muito bem, o elo era eu e o sérgio. mas não é que deu liga? contamos piadas, ouvimos piadas, histórias, trechos de vida, fragmentos de viagens e rimos, rimos, rimos. pedimos chopp e pastel e sandubas e a certa altura, me levantei para ir ao banheiro. e no outro salão estava tendo um show do guilherme arantes. olhei de relance, e lá estava ele em frente a seu teclado e a um microfone: quando fui ferido, vi tudo mudar.... enquanto ele cantava, algumas mulheres com mais de 40 dançavam a sua frente, frenéticas, nostálgicas. me peguei lembrando de mim em outros tempos, do 'escuro no quarto' e tudo mais. como o tempo passa rápido. nos damos conta disso quando olhamos para os outros.

os dois potes de ouro na linha do mar

fomos para paúba, viver lá a conjunção dos 4 planetas. antes de pegar estrada, tudo deu errado. erramos feio o caminho para imigrantes, ficamos 1h30 parados no trânsito de sexta-feira à tarde em São Paulo. brigamos, resmungamos. chegamos 19h30 em paúba, jantamos, bebemos vinho, brigamos mais um pouco, fizemos as pazes, dormimos de bem. e no dia seguinte, o grande presente. um lindo arco-íris inteiro na nossa frente. o começo e o fim dele, dois potes de ouro. nos abraçamos, rimos, rezamos, agradecemos. um lindo presente no dia dos planetas. obrigada.

jazz nos fundos

fica nos fundos de um estacionamento. uma birosquinha. lá tem um pequeno clube de jazz, uma delícia, com uma acústica ok, e músicos muito bons. no sábado fomos ver o Quinteto Zeli Silva, do meu querido amigo de tantas horas. ficamos no gargarejo ouvindo o som. aí vai o registro.

sobre livros

nesse domingo passei o dia todo arrumando estantes. literatura brasileira clássica numa prateleira, brasileiros modernos em outra. biografias numa só para ela (nossa quanto livro de biografia eu tenho!) depois literatura estrangeira clássica, moderna, livros de culinária, de filosofia, livros policiais, de astrologia e outras ciências ocultas. nossa, quando acabou eu estava exausta! é que além do trabalho físico tem um envolvimento psicológico grande: cada livro é literalmente uma história na minha vida. uns vêm com dedicatória, outros não, mas vêm com significados ocultos: onde comprei, que época da vida, o sentimento que tive quando li e etcs. hoje quando acordei e vi minhas duas estantes belas e virginianas, fiquei orgulhosa.