as promessas do ano novo

gastar menos em bobagens
comprar menos roupa, bijouteria, sapato, coisas para casa
comprar mais velas (e acendê-las sempre)
trabalhar melhor (menos horas trabalhosas e mais horas prazeirosas)
andar à pé mais, andar à pé sempre
fazer mais atividades físicas
yoga todos os dias
meditação todos os dias
me acolher
acolher o outro
saber dizer não (com ternura)
saber dizer sim (com sabedoria)
não comer correndo (mastigar bem, para digerir bem)
respirar lenta e profundamente
fazer massagem
fazer acupuntura
ler mais
ir mais ao cinema
beijar meu marido
amar meu marido
amar meus amigos
amar os meus.
não querer abraçar o mundo, mas estender os braços a quem pedir colo, verdadeiramente
silenciar
para ouvir
silenciar
para ver
silenciar
para tocar
juntar um dinheirinho no cofrinho de porquinho cor-de-rosa
ir em pelo menos um restaurante bom por mês
comer bem (sem comer muito)
diminuir o açúcar e o sal
pular todas as ondas dos mares
viajar
conhecer novos lugares
conhecer novas pessoas
estar aberta
ao mundo
estar aberta ao novo.
estar aberta ao
ano.
feliz 2011

escolhendo os livros

uma das minhas maiores dificuldades na hora de arrumar as malas é escolher os livros que vou levar na minha jornada. ora, livro é uma coisa de momento, você sente o livro que quer ler, escolhe na estante, meio intuitivamente até. e, como escolher no momento do agora o livro do momento do amanhã?

essa é sempre uma tarefa da qual me arrependo depois. quero dizer, eu escolho meio errado e vez por outra nas minhas viagens, assim que termino um dos livros, fico com vontade de ler justamente um outro que não trouxe. que ficou guardadinho na estante, enfileirado à espera de meus dedos para ser folheado. dessa vez, para evitar isso, acabei escolhendo vários, entre eles machado de assis.

quero reler machado de assis com olhos de mulher e não com os olhos de menina que era obrigada a ler para a aula de português, na escola. quero reler com o repertório de hoje, com a minha vida de hoje. peguei justamente o melhor, dom casmurro e cá estou encantada com a fluidez de suas palavras. machado é geminiano: gosta de uma boa conversa. e também tinha um interesse muito grande em psicologia.

ainda estou no começo mas depois que avançar mais, eu digo o que achei.

lembranças

chegada

estamos em joão pessoa, depois de 7 dias na estrada. a viagem foi um rito de passagem muito profundo. o fato de estar o tempo todo concentrada na estrada, nas curvas, nos caminhões à frente, na paisagem que se desenrola ao lado, faz com que a atenção esteja o tempo todo no momento presente. não tem análise do passado nem projeção do futuro. a viagem acontece no aquiagora. em toda a magia que vive no tempo da respiração. foi uma delícia por isso. uma prática meditativa. cheguei zerada. são paulo e toda sua imensidão de acontecimentos ficou lá atrás no tempo da memória.

semanas pré-natal

ai. que correria. quanta gente ansiosa, fila, compras, parece que o carnaval vai chegar antes do natal. uma exuberância de pressa que me desagrada. eu me sinto jogada num turbilhão de afazeres nessa época. parece mesmo que precisamos fazer tudo até o gongo da meia-noite do dia 31. quem foi que inventou tudo isso?

eu e a literatura, parte II

paul auster: todos eles. cada um melhor que outro. agora é Invisible. paul auster e ponto final.

eu e a literatura, parte I.

queria dedicar um ano da minha vida para estudar gente que nunca estudei antes. é que sempre fui muito ligada em literatura ficcional. gostava mesmo de ler os clássicos e os novos autores. descobrir romancistas brasileiros e estrangeiros. lembro que dediquei um ano inteiro só lendo pessoas que escreviam em português, reli jorge amado, machado de assis, descobri inês pedrosa. outro ano eu dediquei só às novidades das prateleiras das livrarias. mas de um tempo para cá, comecei a ter necessidade de ler filosofia. não a filosofia clássica, essa ainda não é para o meu paladar, mas uma filosofia mais contemporânea. foi assim que descobri michel onfray e seus incríveis 'potência de existir', 'arte de viajar' e 'ventre dos filósofos'. agora estou apaixonada por gaston bachelard e sua 'a água e os sonhos, ensaio sobre a imaginação da matéria.' ah! que deleite. os dois têm algo em comum, além de serem franceses: escrevem profundidades com poesia. e isso me encanta.

trechos

"mas a terra natal é menos uma extensão que uma matéria; é um granito ou uma terra, um vento ou uma seca, uma água ou uma luz. é nela que materializamos nossos devaneios; é por ela que nosso sonho adquire sua exata substância; é a ela que pedimos nossa cor fundamental. sonhando perto do rio, consagrei minha imaginação à água, a água verde e clara, à água que enverdece os prados. não posso sentar perto de um riacho sem cair num devaneio profundo, sem rever a minha ventura... não é preciso que seja o riacho da nossa casa, a água da nossa casa. a água anônima sabe todos os segredos. a mesma lembrança sai de todas as fontes." gaston bachelard.

natal

vai chegando o natal e eu vou ficando beeeeeem triste. é sempre assim. uma tristeza que começa desde o começo de dezembro e dura até o dia 24. depois passa.

saudade de jasmim

sentimento engraçado.não sei como ativo a saudades, ou como desativo. hoje acordei com saudades das minhas mulheres - da minhã irmã especialmente, mas também da tia helena, da mamãe, da minha prima ana. as minhas mulheres.  figuras femininas que ajudaram a me moldar, a me formar. a não ser a ana, todas as outras estão longe. em outro plano. a tia helena eu tenho até medo de ligar e me dizerem que ela morreu e ninguém me avisou. tenho medo de ligar também e ela ficar triste porque nunca mais apareci. mas é que a vida é longa e curva e quando a gente vê, não dá para ficar parando em cada curva dessas. é assim, tia helena. desculpe mas não consigo te ligar. para mim, é duro ficar assim, me expondo à saudades que sangra. te ver, me sangra, porque lembro de você bem, da minha mãe bem, da minha irmã viva. minha irmã ainda é ferida que dói, arde. já faz 4 anos e meio que ela se foi, mas para mim parece que está aqui. hoje eu achei um sapinho de metal bem pequenininho, numa caixa que tinha umas coisas dela. era um sapinho da sorte, desses de por na carteira para o dinheiro voltar mais fácil do que saiu. senti que era para dar para o sérgio. parecia que estava ouvindo ela me dizer isso: "simone, dê o sapinho para o sérgio". "tá bom, suzana" dei a ele e desci para tomarmos sopa. ele estava lavando a louça e me disse: "você está sentindo esse cheiro de perfume?" eu disse que não. ele disse: "é perfume de jasmim". eu achei que era a suzana, que estava nos visitando com sua saudades de jasmim.