desertos

tem dias que você atravessa anos. vivi anos em poucas horas, de tão intensas que foram. esses últimos quatro dias foram assim. atravessei desertos, sentada na areia, enquanto o vento me chicoteava, cegava meus olhos, chorei até me esvair, vivi um rodamoinho de pensamentos. eles giravam, eu girava. fui para trás, fui para frente, lá num futuro assustador, parei, respirei, disse para mim mesma: 'medita que vai passar'. e passou. de repente, o vento parou. as areias foram embora e só deixaram a vida. a ampulheta virou e recomeçou. uma nova história renasce. dizem que é mesmo assim. relações se reinventam, pessoas se enfrentam, tudo se desconhece, para depois reconhecer.

dolorosos esses desertos.
mas belos.
(depois que passam)

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