eu adoro a ilhabela. tenho um carinho muito especial por ela. sempre fui feliz lá. numas épocas da minha vida era lá que eu passava o reveillon. a última faz exatos 20 anos.
lembro que namorava o andré. foi um reveillon lua-de-mel. grudadinhos, apaixonadíssimos. nos hospedamos em uma casa pendurada num penhasco. lembro que tinha um banheiro com uma banheira que dava para a baía. no horizonte: são sebastião. naquela época a ilhabela não era tão cheia. a gente andava todos os dias, ia para o centro, de mãos dadas e olhos faiscantes. eu estava tão feliz, que tinha medo. medo que tudo acabasse puff.... como uma nuvem ou uma bolha d´água. o andré morava no interior, a gente se via muito pouco então aqueles dias juntos eram muito especiais, muito únicos, muito raros em nosso namoro. até hoje, as lembranças são coloridas para mim. os pratos de lula que ele fazia, os amigos mais velhos da irmã dele que sempre tinham histórias engraçadas para contar...
antes dessa ocasião, eu passei uns dois reveillons lá, nos anos 80. ia com mais três amigas no chevette de uma delas. o chevette marrom da marcela, onde ouvíamos rita lee e seu fruto proibido, um disco sensacional que todas nós sabíamos as letras de cor e salteado. nós acampamos, com uma barraca que meu irmão me emprestou e eu disse que sabia montar. mentira. quando chegamos no camping, tivemos que pedir ajuda de uns moços, pois eu não tinha ideia de por onde começar. o camping era uma confusão de gente, uns tocavam violão, outros fumavam maconha, outros bebiam pinga com mel. e eu lembro que a gente vivia na praia, torrando desde o primeiro até o último raio de sol. depois era muito creme StYves no corpo e uma ardência imensa que incomodava para dormir. aliás dormir na barraca era um espetáculo à parte. eram dois quartos, duas em cada quarto. quando havia briga, a gente trocava de parceira. e a gente brigava direto. imagine quatro adolescentes tardias disputando cada pequeno centímetro no sleeping bag. isso sem falar nas roupas que ficavam todas grudentas e cheias de maresia. mas aqueles dias foram tão intensos, tão ensolarados que até hoje eles também vivem em mim.
dessa vez, não tem camping, não tem sol torrado na pele, não tem a paixão que come por dentro. mas tem o amor que envolve e acolhe. tem o sergio, um casal de amigos, lobinho e nina. vamos ficar numa casa alugada, no borrifo, perto do bonete. mais uma história para eu me lembrar daqui a 20 anos. amém.
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