mais leminski

nada que o sol
não explique

tudo que a lua
mais chique

não tem chuva
que desbote essa flor

redescobrindo leminski

cá estou apaixonada com o leminski novamente.
uma paixão que começou quando eu estava na Bahia, em 1993.
lá peguei, por acaso, um livro de uma amiga
caprichos e relaxos, chamava

agora relançaram um livro com toda a poesia dele
e cá estou, sábado à noite,
lendo enquanto arrumo gaveta
quer dizer, arrumo um pouquinho,
leio um pouquinho, navego um pouquinho.


e assim, me preencho dessa madrugada que nasce.


algumas pérolas:


enxuga aí

vê se enxerga

essa lágrima
eu deixei cair

examina

examina bem

vê se não é
água da pedra
ouro da mina
essa gotadágua

minha
obra-prima





frases de criança

uma menininha que tem os cabelos muito armados.
a mãe dela disse que toda noite ela reza:
- papai do céu, por favor, faz meu cabelo crescer pra baixo!

desejos

o seu desejo é uma ordem.
o meu, uma desordem.

mais millôr

na poça da rua
o viralata
lambe a lua

silente

ando sem palavras para escrever aqui.
os sentimentos do mundo me preenchem.
e me emudecem.
a vida me abraça com suas folhas.
enquanto medito à sombra,
uso as palavras dos outros
para me dizer.

estou assim.

manoel de barros

sou um sujeito cheio de recantos.
os desvãos me constam.
tem horas leio avencas.
tem hora, Proust.
ouço aves e Beethovens.
gosto de bola-sete e charles chaplin.

o dia vai morrer aberto em mim.

pérolas do millôr_1

olha,
entre um pingo e outro
a chuva não molha.

rede do bem

meu amigo Marcelo perdeu seu cachorro Café na sua própria rua. alguém pegou, pois era um lindo border collie marrom. imediatamente ele postou no facebook com fotos e tudo e uma grande rede de pessoas se uniram, postaram fotos do Café em suas próprias páginas e um site chamado Cachorro Perdido também publicou o telefone do Marcelo.

as filhas do meu amigo estavam desesperadas. quem tem cachorro sabe. em algumas horas o Café foi encontrado por um menino, que telefonou para o Marcelo e o cão já está com sua família.

viva a internet!

que preguiça....

começo de ano devia vir embalado em uma rede.
pra lá e pra cá
vendo janeiro passar.


lendo uma revista

dessas femininas, e vi uma frase de um escritor/dejay carioca chamado Rodrigo Penna

"a intuição é ainda o melhor dos ventos"


2013

depois da praia e do calor que berrou nos últimos dias do ano,
depois do mar manso e do mar bravo,
das ondas que falavam baixinho e das ondas loucas, histéricas e estrondosas,
depois da areia branca e pelante, da chuva rápida de pingos grossos,
depois das cadeiras de praia e do frescobol jogado mal,
depois das velas,
depois dos peixes,
depois de 11 horas de engarrafamento, numa estrada que dura 3 horas,
depois de tantos depois,
cá estou.
em minha casa,
em minha são paulo.
cidade querida.
nunca foi tão bom voltar.
nunca foi tão bom recomeçar.
bem-vindo ano novo.