harry potter and the half prince blood

I recommend.

"seja a mudança que você quer ver no mundo"

MAHATMA GANDHI(1869-1948)

a minha casa

tem uns barulhos esquisitos. as portas dos armários rangem, os sussurros do quarto ao lado vazam pelas frestas, as louças sendo lavadas na cozinha reverberam. a acústica ainda é alta para meus ouvidos. amanhã, dia 29, faz dois meses que nos mudamos. a casa ainda não emudeceu para mim. ainda acordo com os ruídos estranhos. ainda desperto com o galo que canta - sim aqui ao lado tem um galo que canta - em plena perdizes. são paulo às vezes é um encanto de cidade. quando a vizinha rosa chega, eu também ouço. assim como a nina me ouve quando estaciono no 1S. a minha casa é uma caixa acústica, amplifica os sons de nossas vidas. a minha casa. (como é bom usar o pronome possessivo)

quando termina um livro

dá uma saudades dos personagens, da trama, você fica querendo saber mais do que o autor contou. eu nem consigo me concentrar direito no livro seguinte. estou com tantas saudades do john lennon que ainda não engatei na carmem miranda.

a partida

daniel e sarah estão indo embora. depois de 30 dias aqui em casa, brincando, rindo, falando alto, deixando trilhas de roupas pelo caminho, esquecendo de tirar o prato da mesa, não lavando os copos. foram dias de jogatinas, de cerveja, de pizzas, de muito prazer. alguns quilos a mais no corpo e muitos quilos a menos na cabeça. a vida fica mais leve com a juventude por perto. o fato é que a hora da partida chegou e tudo parece que entristece um pouco. a nina já cheirou a ida, e começa a se coçar e se comer. minha cachorrinha chow-chow é uma espécie de vidente masoquista. quando pressente que alguma mala irá se arrumar aqui em casa ela já começa a se automutilar. a bichinha. acha que eu vou viajar, acha que o sérgio vai viajar. ela é canceriana típica. sofre por antecedência. tem um medo contínuo da partida.

passarinhar



coruja é uma ave de rapina. e eu nem sabia, descobri na matéria sobre birdwatching que fiz semana passada para a revista Eurobike.

no meio do caminho existe uma palavra

já acordo com elas. pasta de dentes e escova, no banho, shampoo de mate verde, ou angélica, mato, floresta, a touquinha de plástico fica pendurada no ganchinho. a touquinha tem uma nuvem silkada com alguns respingos de água. água cai do chuveiro, o piso é novo, o banheiro é novo, tem adesivo na parede, de passarinho. meu corpo aquece e o pulso ainda pulsa e o dia está cinzento, a colcha da cama branca fica mais triste e eu desço e tomo chá de gengibre e vou para a yoga. chave, carro, som, eldorado FM, abrir o portão, sair, virar à direita, ir reto, passar uma, duas, três, quatro ruas, e ir em frente, atravessar um, dois, três sinais e aí eu chego. subo as escadas, bom dia, passo a catraca, bom dia, subo outras escadas, bom dia, bom dia, chego na sala, bom dia, tiro o tênis, sento e cruzo a perna, o pé ainda dói, e o corpo ainda é pouco. respiro. silencio. o mundo fica imenso dentro de mim. sem palavras.

preciso parar

estou com saudades de mim. ando pouco recohida, atendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. onde está eu? preciso fazer um retiro espiritual e encontrar-me enfim - enfim, mas que medo - de mim mesma.

clarice lispector

a volta da magia

o mundo precisa acreditar. as pessoas precisam acreditar. existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã imaginação, já disse shakeaspeare há uns 500 anos. e a humanidade insiste em colocar um véu à sua frente e não perceber os tecidos mágicos que se entrelaçam à nossa frente. sincronicidades, telepatia, transmissão de pensamento, a fé que move montanhas, literalmente. é só crer para ver. simples assim. basta lembrar.
ou então assistir ao último harry potter. estão lá os sinais, os mundos paralelos, as forças invisíveis do bem. eu acredito em bruxas e bruxos.

doce

o doce que eu mais gostava quando era pequena era um pavê de banana que a minha mãe fazia. na mudança, fiquei às voltas com os cadernos de receitas da mamãe atrás do doce de banana. não encontrei, mas vi muitos cardápios que fizeram parte da minha vida na barão de tefé: carne louca da tita, lombinho de porco com ameixas pretas da hilda, bolo de fubá da olga, arroz de forno da carminha. minha mãe sempre anotava os nomes das pessoas que tinham passado a receita para ela. parece que assim ficava mais fácil de lembrar a gostosura do prato.

ruy castro entrevista joão gilberto

havia um ano que ele estava fazendo a apuração para o Chega de Saudades e nada de conversar com o joão gilberto. como ele era uma das fontes mais importantes para o livro, estava deixando a entrevista para o fim, quando já estivesse mais matriculado no assunto da bossa nova. quando não dava mais para protelar, entrou em contato com um amigo jornalista que conhecia o joão e pediu dicas de como se aproximar dele. No que o amigo responde: ruy, cuidado com o joão porque a voz dele te hipnotiza. você esquece a pergunta que ia fazer e fica ali, totalmente atraído, por aquela malemolência. cuidado com o joão.
ruy então se preparou, se concentrou e finalmente ligou para o joão gilberto, se apresentou, disse que estava fazendo um livro, etc e tal. no que do outro lado da linha joão responde: ruuuuuuy, queeeee prazerrrr falarrr coooooom você. no que eu possooooo te ajudar?????? ruy, ficou sem falas. esqueceu a primeira pergunta, hipnotizado pela voz do outro lado. seu amigo tinha razão: joão é uma cobra.

a luz e sombra dos gênios

sempre que aparece uma biografia séria de alguma personalidade marcante da história, as luzes e sombras de seu caráter e vida vêm para o palco. e todos o que li têm sombras do mesmo tamanho que suas luzes. quanto mais carismáticos e populares, mais escuridões revelam dentro de si. john lennon, o líder pacifista autor de Imagine (uma bobagem em comparação a Strawberry Fields Forever, por exemplo) era um jovem muitíssimo perturbado, agressivo e que fez mal a muitas pessoas perto dele. Por outro lado, fez um bem enorme para seu público. foi inspiração para muitos mas não conseguiu ter atitude digna em relação à ex-mulher Cynthia, ao pai e a muitos amigos. john era ambíguo. feio e bonito. egoísta e altruísta. suave e agressivo. tudo junto. lado a lado. é isso que faz dele uma pessoa interessante. a imprevisibilidade. foi assim também com tantos outros nomes. é isso aí. a natureza humana em suas cores mais intensas cria os seres humanos que valem biografias.

sábado à noite

eu aqui em cima escrevendo o capítulo do meu livro. sérgio e os meninos lá embaixo, jogando war. de vez em quando ouço: - três a dois em vladivostok. war me ensinou mais geografia que o professor Perides.

de john lennon

"se eu vivesse na Antiguidade, teria morado em Roma. hoje os estados unidos são o império romando e nova york é a própria roma."

pois ele mudou-se para lá para sempre.

muppets para alegrar a semana que entra

sr Aloísio

um dia eu estava em casa na Barão de Tefé, quando tocou a campainha: era o vendedor do Círculo do Livro. Era uma festa quando o Sr Aloísio chegava com o catálogo. eu sentava ao lado do meu pai e juntos escolhíamos os títulos que iríamos comprar. meu pai sempre deixava eu escolher um, enquanto ele próprio comprava uns 4. foi assim que comecei a ler Agatha Christie e foi com ela que peguei o gosto da leitura. como eu só podia comprar um livro por mês, eu ficava enrolando para começar a ler, pois sabia que a partir da primeira página seria impossível parar. O Sr. Aloísio, que já conhecia nossos gostos, muitas vezes aparecia com sugestões. um dia, tocou a campainha e era um outro vendedor do Círculo do Livro. Perguntei: ué, cadê o Sr. Aloísio? "o sr Aloísio prestou concurso e entrou para os Correios. Virou carteiro!" Aquilo ficou marcado em mim, e pensei: o Sr Aloísio vai continuar entregando palavras, mas ao invés dos livros, as palavras das cartas.

para inspirar

"Não é a resposta que esclarece, mas a pergunta."
Eugene Ionesco

além ar

nos últimos dias algumas pessoas importantes morreram: o popstar, a pantera, a coreógrafa pina bausch, o publicitário tomás lorente, 47 anos e o escritor rodrigo de souza leão, 44. além de tantos anônimos no vôo que caiu no iemen e outros na vida do dia a dia. pessoas que morrem de morte morrida mesmo, natural. quem cai na banheira, quem bate o carro, quem dorme e não acorda, quem adoece e pouco a pouco vai embora e outros que mal chegam e já se vão. nesses últimos dias faz 3 anos que minha irmã morreu. por isso esse assunto está em mim. o que existe além ar?