fernando pessoa

"na véspera de não partir nunca, pelo menos não tem que se arrumar as malas."

véspera

na véspera de partir temos tanto a fazer. tantas malas, tantas contas a pagar, recados para escrever, trabalhos para adiar. as responsabilidades com a casa. os remédios da mamãe. a nina e o lobinho bem-cuidados, comida comprada - 2 kgs de ração de carne de ovelha. e no meio das malas a minha nina fica me olhando com os olhos tristes: ela já sabe. hoje é a véspera. ficaremos alguns dias longe uma da outra. ela tem saudades antecipada.

90 anos do tio vicente

todos estavam lá, menos os irmãos. todos eram o cunhado, Francesco que atravessou o Atlântico para estar com a gente, sobrinhos e sobrinhas, filhos e filhas, netos, netas. cada um com suas vicissitudes. ali estavam os meus, a minha família representada por tantas almas. algumas atormentadas, outras cansadas, umas poucas realizadas. mas todos estavam felizes pelo encontro, pelos abraços e beijos e lembranças. todos se emocionaram com o vídeo de 50 minutos com fotografias que representavam as nove décadas de vida do meu tio, irmão de minha mãe. nas imagens vi meus pais, minha irmã querida, meu sobrinho pequeno, eu de cabelo comprido, cabelo médio, cabelo vermelho. cada década era embalada por uma música. eu chorei muito. ali de certa forma estava uma parte da minha biografia. dei as mãos para minha prima Maria Alice e para meu sobrinho Bernardo. E ali naquele entrelaçar, escrevemos mais um capítulo de nossa história.

cigarro

e lá estava eu fumando loucamente. tirando o atraso de todos esses anos que estou sem fumar. fumei um, terminou, acendi outro. fiquei ao mesmo tempo chateada e feliz. culpada pelo vício; realizada pelo prazer. de qualquer forma fiquei fazendo as contas: 5 anos sem fumar equivalem a mais de 1500 dias. acho que deu para limpar meus pulmões. e enquanto estava elocubrando e fazendo minhas contas mentais me aliviando do peso da fumaça ingerida, acordei.

o vício permanece no inconsciente.

casamento do filho dos primos

a gente cresce e quando vê já está indo no casamento do filho do primo, que você viu bebezinho, o filho não o primo, cresceu virou um pirulão, conheceu uma moça, conheceu outra e na terceira, quis casar. os pais arrumaram uma festa linda. em cotia. lá fomos nós os filhos dos tios e lá vimos outros filhos dos tios, outros primos e seus filhos.
as pessoas crescem, outras amadurecem e outras diminuem. a minha tia Olga era bem mais alta. ontem estava miudinha. parecia uma criança. e assim a vida anda em círculos.

em busca do tempo perdido

em 1994, comprei o primeiro volume de Em busca do Tempo Perdido, do Proust. Não consegui ler. hoje, 15 anos depois, abro de novo o romance e tento engatar. é uma questão de honra para mim ler Proust. mas estou achando uma chatice.

na dinamarca

i ching

no iching, paz significa presença de movimento. guerra é estagnação.