facebook

depois que entrei no facebook já almocei com uma amiga que não via há 5 anos. teclei com outra que morou por 13 anos em londres e está de volta a SP, já vi fotos dos filhos de uma terceira amiga. Já crescidos e lindos. As redes sociais são uma forma de manter certos vínculos que no tempo real seria impossível ou improvável. Pessoas que você se desviou, porque pegou outro caminho, mas que de certa forma moram em seu coração (ou ao menos moram num pedaço de sua vida). Acho que é uma revolução mundial. Tão revolucionária como foi a internet. E está aqui para nos falar sobre a interdependência. todos estamos conectados. é isso aí. mostra a sua cara no facebook e me procura.

espaço maranus

roberta ferraz, minha querida amiga, está promovendo alguns cursos de Astrologia e Filosofia em seu novo espaço: Maranus. Maiores contatos: www.espaçomaranus.blogspot.com
entrem lá.

a música das palavras

é incrível como eu digito palavras na minha vida. passo o dia todo, escolhendo as letras que melhor combinam entre si. a com i, g com u, j+u+n+t+o. gosto disso. é como combinar peças de roupas. precisa ter música, ter ritmo e melodia. escrever é batucar sons vogais e consoantes.

a íris da cor

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alguns trabalhos

exposição do sergio no citibank

escrever

estou escrevendo tanto para os outros que fico sem tempo de escrever para mim. para meus amigos. para meus leitores. simples assim. vazio assim.

irmãs

quando eu era pequena um dos meus passatempos favoritos era vasculhar o armário da minha irmã. bastava ela sair que lá ia eu para o quarto, abrir o guarda-roupa dela e fuçar pela centésima vez a mesma caixinha com as bijuterias, a outra com os bilhetes e cartões-postais que ela recebia do kiko, da mamãe, de alguém da família. e depois dessa investigação minuciosa, eu subia para as gavetas das roupas. tirava uma a uma, experimentava, combinava peças diferentes e depois recolocava tudo no lugar. mas um dia, ela voltou mais cedo e me pegou com a boca na butija. apanhei feio, de cinta e tudo. quando meu pai chegou eu botei a boca no trombone e berrei que ela era uma bruxa, uma víbora que tinha me marcado para sempre com a fivela do cinto. nunca vi o meu pai tão bravo. ele ficou uma onça com ela, lhe deu uns tapas e passou o maior pito. eu fiquei de canto, só olhando, feliz da vida.

a dor de garganta

desde pequena eu sofro com a garganta. vivia inflamada. até que o dr Bicudo, o médico da nossa família, disse a minha mãe que precisava operar. lá fui eu pro hospital são luiz, da Santo Amaro, para cheirar éter e tirar as amígdalas. lembro que não doeu nada, que quando acordei perguntei para minha mãe que horas ia ser a operação, no que ela respondeu que já tinha sido. fiquei maravilhada. lembro também dos dias pós-operatórios: eu só podia tomar gelado. foi uma maravilha - muito sorvete e refrigerante ginger-ale. muitos anos depois, estou em casa quando sinto a garganta arranhando. e cá estou eu com ela inflamada e doendo para caramba. acho que é saudade de colo. acho que é vontade de não falar muito. ou de falar tudo. não sei. para isso precisaria de uma mãe para dar colo, e um psicólogo para me ouvir. como não tenho nenhum dos dois à minha disposição, estou aqui na frente do computador. às vezes escrever cura.

o farol da rebouças com a brasil

a diversidade dos gêneros humanos se poliniza numa das esquinas mais lotadas de carros de são paulo. ali fatalmente há congestionamentos longos. filas indianas de automóveis de todas as cores e tipos. a maioria deles com apenas uma pessoa. nesse ambiente de consumidores potenciais, nada mais propício para vender utensílios úteis, como marionetes, mapas gigantes da américa latina, brasil e rússia, panos de prato com sianinhas, incensos, campanha antidrogas, campanha pró-idosos, campanha contra senadores corruptos. campanha pelos cegos, pedido de ajuda "estou desempregado, preciso sustentar minha família", etc e tais. um dia desses eu era uma dessas consumidoras potenciais e pela minha janela desfilou vários vendedores. primeiro um hare krishna que me abordou com uma coleção de livretinhos que falavam sobre a maravilha da macrobiótica e depois com os já citados incensos. "não, obrigada!" depois veio o vendedor de mata-mosquitos, uma espécie de raquete de tênis eletrizada que você liga e esturrica os pobres dos pernilongos. "não, obrigada". depois veio o ceguinho da laramara, uma ong, ajudado por uma moça. "desculpe não tenho trocado." passou também o cara com rosas vermelhas, outro com copos-de-leite, e por fim, um monge franciscano. sim, daqueles com carequinha raspada e túnica marrom. queria me vender não sei o quê. fiquei curiosa. o sinal abriu. a buzina de trás tocou e eu acelerei. mas pelo retrovisor deu para vê-los todos juntos - o hare krishna com o monge e o cara dos mapas, o florista, o cego, o vendedor da raquete assassina de mosquitos - todos eles conversavam na calçada do lado direito da Avenida Brasil. Brasil, meu Brasil brasileiro. Vou cantar-te nos meus versos.

yoga no sábado

delícia de manhã, com yoga bem cedinho. respirações, asanas e meditação. ficamos 17 minutos meditando, pareceram 5. passa rápido, mas no final tudo formiga, pés, pernas. a tentação de fugir da posição é imensa. a vontade que acabe também. mas aí você foca de novo na música rítmica dos sinos que tocam. e percebe como é bom aquietar a mente.

sábado no bom retiro

bom retiro é um bairro muito tradicional de São Paulo. antes era dos judeus, agora é dos coreanos. lá tem a josé paulino, o maior shopping popular de rua da cidade. olhando bem entre as infinidades de tranqueiras, você acha uma blusinha que vale a pena. lá tem também o parque da luz, a pinacoteca do estado, o museu da língua portuguesa, o acrópolis, um dos melhores restaurantes gregos em terras paulistanas e o buraco da sarah, agora chamado de bistrô da sarah. um restaurantinho super simpático com self-service de comida judaica e uma caipirinha que inventei na hora - de limão com erva-cidreira. pois foi lá que fomos no sábado de manhã. primeiro dia de sol depois de tanta chuva cinzenta. encontramos o paulinho e ana, voltamos de metrô, paramos na real compramos pudim e viemos para casa para eles conhecerem. conversa vai, conversa vem, copos enchem e esvaziam, ficamos na imensidão das descobertas mútuas. um dia delicioso com pessoas que moram no coração. como o bom retiro vive no coração de spaulo.