minha sogra

no começo nossa relação foi muito difícil. como são as relações entre mulheres que partilham o amor por um homem. mas o fato é que depois desses anos de convivência e aceitação mútua, hoje nos gostamos. e eu estou muito feliz que ela está vindo conhecer minha casa. estou arrumando tudo para recebê-la como rainha que é. benvinda, geralda.

o tímido e a manequim

ontem, fomos no show do paulinho da viola no teatro fecap. ele tocou músicas lindas, raras. não, não tocou foi um rio que passou em minha vida e meu coração me deixou levar. mas tocou tantas outras maravilhas, a maioria desconhecida para mim. uma delas especialmente me falou ao coração. uma que ele fez para a mulher quando ainda eram nem sequer namorados. ele viu um foto dela posada - ela posava para o irmão fotógrafo - e ele, paulinho, se encantou. e logo pensou: 'mas será que ela vai querer alguma coisa comigo?" ele fez uma música, ele e ela fizeram um casamento.

o nome da música é o título dessa postagem.

mamãe

ontem sentei ao lado dela quietinha. e fiquei olhando para ela, fazendo carinho em seus pés. sem falar nada, sem rezar, sem pedir para ela ir ou descansar. apenas dando meu amor, pelos olhos e pelas mãos. ela ficou só me olhando, às vezes desviava o olhar para ver a tv que estava ligada na propaganda política. depois voltava seus olhos para mim. e assim ficamos por uma boa meia hora. até que o sérgio chegou, já tinha deixado os remédios com a enfermeira e fomos embora. antes de ir, dei-lhe um longo abraço e um beijo. ela me olhou. olhou para o sérgio.

hoje, recebi um telefonema da clínica, dizendo que ela tinha arrancado a sonda gástrica por sua própria conta. pareceu-me que não quer mais comer. pareceu-me uma vontade de descansar. que assim seja, mamãe.

doblô, a aventura

hoje pegamos o carro novo. saí da concessionária dirigindo como se tivesse carregando ovos em uma colher. cuidadosa. com medo e sorrindo de nervoso. o sérgio ao meu lado não parava de falar. olha o farol, liga o ar, veja como acerta a hora, está acabando a gasolina, está trânsito, vamos ficar meia hora nessa rua, vira à esquerda, abaixa o vidro, a gasolina vai acabar, pega a artur, tem um posto na mateus grou, cuidado!! ai morreu, desliga o ar antes de ligar o carro. está no manual. olha o farol, dá para passar. olha o carro. o retrovisor está acertado para você? ai, meu deus, para!

até que enfim... o posto.

pessoas que não sentem nada.

será que existem pessoas que não sentem sentimento?

notícias

tem notícias maravilhosas, que alegram e aquecem. trazem os ventos lá de longe, notícias que nos contam histórias, nos falam de pessoas. mas também tem notícias que despencam do alto com uma força descomunal. nos deixam sem voz, sem ar. sem alegria. essas notícias não deviam existir.

quer saber?

adoro tendências. adoraria viajar o mundo para pesquisar tendências. pesquisar o que as pessoas estão comendo, estão vestindo, estão ouvindo. seus perfumes, suas crenças, seus gestos, suas danças. uma voyeur do mundo, das culturas. por enquanto estou sem tempo para sair da frente do computador. então vejo o mundo pelas telas da internet. as infinitas telas que contam mil histórias. mas o que eu quero mesmo é algum dia poder sair daqui e ir para a rua. viver os cheiros, os ruídos, as cores. estou sentindo falta do mundo lá fora.

comprar carro

eu não troco de carro sempre. não sou dessas pessoas que acha que a cada dois anos deve ter uma caranga nova. não sou como o namorado da minha amiga que tem 10 carros. isso mesmo 10 carros!!! inacreditável. (mas aí eu pensei que para ele pode ser inacreditável alguém que tenha 30 sapatos).

não tenho ansiedade de comprar carro, muitíssimo pelo contrário. a cada dia tenho menos apego aos carros. gosto de andar à pé, de taxi, de metrô. que pena que não tem trem no brasil. mas o fato é que depois de 6 anos, chega a hora que é melhor trocar de carro, antes que ele comece a dar problemas, isso quem disse foi o mecânico, numa espécie de arakiri de sua própria profissão. ora, quanto mais velho o carro, mais trabalho o mecânico pode ter, mas enfim.... lá fomos nós atrás do carro que queremos. doblô adventure. carro para viajar com os cachorros. grandão para a cidade, mas ideal para a estrada. e cá estamos com mil documentos, mil cartórios, despachantes, etcs e tais. nossa como é complicado trocar de carro. acho que já assinei o meu nome umas 100 vezes. isso tudo sem ter visto ainda a cara do doblô. "é que ele está no nosso pátio, lá na concessionária". ah, tá. explicado. comprei o carro sem ter visto.