irmãs

quando eu era pequena um dos meus passatempos favoritos era vasculhar o armário da minha irmã. bastava ela sair que lá ia eu para o quarto, abrir o guarda-roupa dela e fuçar pela centésima vez a mesma caixinha com as bijuterias, a outra com os bilhetes e cartões-postais que ela recebia do kiko, da mamãe, de alguém da família. e depois dessa investigação minuciosa, eu subia para as gavetas das roupas. tirava uma a uma, experimentava, combinava peças diferentes e depois recolocava tudo no lugar. mas um dia, ela voltou mais cedo e me pegou com a boca na butija. apanhei feio, de cinta e tudo. quando meu pai chegou eu botei a boca no trombone e berrei que ela era uma bruxa, uma víbora que tinha me marcado para sempre com a fivela do cinto. nunca vi o meu pai tão bravo. ele ficou uma onça com ela, lhe deu uns tapas e passou o maior pito. eu fiquei de canto, só olhando, feliz da vida.

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