moto-contínuo, armando freitas filho

comecei cedo e distante. para escrever, despreparei-me desesperei: escrevo sem parar, meu álibi, meu escudo de papel, às vezes bandeira. a letra varia, louca. do garrancho apressado para pegar em flagrante à caligrafia medida, meditativa. entre uma e outra vale-tudo - rabisco, reparo, ruína. leio em voz alta, gravo, escuto-me sozinho. aí bato, copio, amasso, erro, apago, rasgo, a mão, os datilógrafos, borro o monstro, com elefantíase, apuro. agora, digito, salvo, me perco, deleto, sem impressão. "amanhã recomeço"



como me identifico com isso, meu deus!

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